É publicado quarta-feira, dia 17, o primeiro livro com a história dos portugueses em New Jersey

Livro Fernando

Com 542 páginas e o título óbvio de Os Portugueses em New Jersey, é posto à venda quarta-feira, dia 17, o primeiro livro contendo a história da presença portuguesa neste estado norte-americano.

O volume é o resultado de quatro anos de investigação próxima e de um longo acompanhamento da comunidade portuguesa desse estado por parte do autor, Fernando dos Santos, que durante mais de três décadas foi chefe da redacção do jornal Luso-Americano, publicado em Newark, NJ..

O aparecimento do livro coincide também com a passagem dos 75 anos de publicação continua (1939-2014) do jornal Luso-Americano, um importante meio de comunicação social comunitário que surgiu em Newark, NJ, em 1928, mas que, por algum tempo, sucumbiu à grande recessão económica dos anos seguintes.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Para além dos primeiros dias da presença portuguesa em New Jersey graças aos contactos comerciais do século 18 entre a vizinha Filadélfia e portos portugueses e, pouco depois, pelos atractivos comerciais e industriais da também próxima Nova Iorque, o autor refere ainda a história das principais comunidades portuguesas de New Jersey, das suas instituições e do seu envolvimento politico ao nível de municípios, condados e do estado.

“A comunidade portuguesa de New Jersey é importante, mas não dispõe de números que evitem o seu esvaimento a médio prazo na sociedade americana. O livro Os Portugueses em New Jersey pretende ser um vestígio das comunidades portuguesas deste estado quando desaparecerem as nossas associações, as nossas igrejas e as nossas empresas. Pretende ser um recado para os luso-americanos de amanhã que ainda forem capazes de o ler em português, lembrando-lhes que eles têm um passado” – disse Fernando dos Santos, adiantando ainda: “Eu também acredito firmemente que falta pelo menos um canto aos Lusíadas, o Canto XI, com os momentos épicos e também com os episódios menos conseguidos dos portugueses da emigração, até agora apenas recitados pelo mundo fora em muitos livros em prosa. Este livro pretende ser apenas mais algumas estâncias para esse Canto XI, estas relacionadas com os portugueses de New Jersey. Se os dez cantos celebraram os feitos dos portugueses na era das descobertas e a sua chegada à Índia, o Canto XI vai falando, em prosa, da partida, dos perigos, da chegada, dos reveses e das realizações dos portugueses na era da emigração e nas diversas índias deste mundo onde também muitos da lei da morte se libertaram”.

Mantendo o paralelismo entre a Índia da idade das descobertas e as índias procuradas ao longo da interminável era da emigração portuguesa, o autor salientou ainda: “As especiarias que estes portugueses das novas índias fazem chegar a Portugal traduziram-se em 2013 nas remessas diárias de 8,2 milhões de euros; em milhões de euros gerados pelas exportações portuguesas direccionadas para as comunidades e pelos proveitos em transporte aéreo e consumo interno gerados para o país pelas tantas vezes ridicularizadas visitas turísticas anuais à terra onde nascemos.

 

 

 

 

 

 

 

 

Nós criamos mais entrepostos comerciais para os produtos portugueses do que os portugueses dos séculos 15 e 16 para as suas veniagas e captação de especiarias. Por outro lado, nós, em todas as Melindes a que aportamos ou em que vivemos também temos sido uns Gamas, dando conta da continuada capacidade portuguesa de arrostar adamastores contemporâneos e de, nas índias para que fomos navegando, criar a riqueza que tem sido impossível gerar nos cais ou terminais de partida onde, historicamente, com brevíssimas excepções, os diversos deuses que se revezam no olimpo português têm feito soprar ventos ora destruidores ora menos favoráveis aos trabalhos da sobrevivência do seu povo” – acrescentou.

A título de “introdução”, o autor dedica neste livro uma centena de páginas a pioneiros portugueses em território hoje americano bem como às emigrações maciças e pioneiras de portugueses para o Hawaii, Nova Inglaterra e Califórnia. No início do livro, o autor explica a longa introdução com a necessidade de os leitores, ao verem a árvore – a presença portuguesa em New Jersey – entenderem melhor toda a floresta.

A intervenção política luso-americana em New Jersey é abordada a nível municipal, dos condados e do estado, mas, como complemento, o autor sintetiza também noutro capítulo a intervenção política de luso-americanos noutros 17 estados da União americana (Alasca, Arizona, Califórnia, Colorado, Connecticut, Flórida, Geórgia, Hawaii, Luisiana, Maryland, Massachusetts, Nova Iorque, Novo México, Pensilvânia, Rhode Island, Carolina do Sul e Virginia) e ao nível do governo federal.

O livro contém ainda inúmeras referências e tabelas estatísticas sobre a emigração portuguesa para os Estados Unidos recorrendo, do lado americano, quer aos censos populacionais quer às publicações do Homeland Security Department e, do lado de Portugal, ao Instituto Nacional de Estatística.

O primeiro censo efectuado nos Estados Unidos teve lugar em 1790, mas estava sobretudo interessado em saber sobre a eventual capacidade militar da população. O primeiro censo a preocupar-se com os “estrangeiros” foi o de 1820, que perguntava aos residentes se eram “estrangeiros não naturalizados”, mas não cuidava de estabelecer a sua origem nacional. Só a partir do Censo de 1850, o governo quis saber o “local de nascimento” dos residentes ou dos seus progenitores.

Anteriormente, Fernando dos Santos publicou dois livros-reportagem. Um sobre Os Portugueses no Hawaii (1996) e ainda um outro resultado da sua permanência entre os índios Ianomamis, Macuxis Wapichanas na Amazónia brasileira (1994).

O livro estará à venda na livraria do Luso-Americano ($39.95) em 88 Ferry St.,

Newark, NJ 07105 e pode ser pedido pelo telefone 973-589-4600 ou por email: bookstore@www.temp.lusoamericano.com (Acrescentar mais $4.13 para envio pelo correio).